12ºCapitulo - Resaca xD - Parte 2
Gostem :P
Decidi telefonar á Cat…
Á 3º vez ela decidiu atender. Ouvi a voz rouca e quase adormecida do outro lado da linha!
- Ree, não achas que devias esperar que amanheça, para telefonares a um domingo?
- Já amanheceu!
- O verbo “amanhecer” implica que o dia só começa depois das onze. E devia ter um tempo extra pela festa de ontem!
- Bom dia, mal humorada! – Disse eu tentado reunir toda a animalao possível numa só frase.
- Bom dia... – Disse ainda com um voz estremunhada – Conta-me o que aconteceu ontem enquanto eu lavo a cara para tentar manter meus olhos abertos…
- Não á nada para contar…
- Não me enganes! Lembro-me perfeitamente do vos ver a ir conversar para trás de uma pedra grande. Agora parece que essa pedra está no lugar da minha cabeça, céus! O que é que se passou comigo?
- Não devias ter bebido.
- Ele disse-me que era quase sem álcool.
- Quase sem álcool? Tu estavas mais delirante do que a Tia Matilde em dia de casamento!
Ri-me com a memoria. Mas isso despertou-me uma dor intensa, uma pontada no peito. Por mais que esconde-se, a morte dos meus pais [e o saber que pode ter sido intencional] iria continuar comigo, para toda a minha vida.
- Por favor, diz-me que eu não fiz nada estúpido.
- Acho que não. – Eu não iria falar do Kyle. Deixaria essa bomba explodir bem longe das minhas mãos ou, provavelmente, nem explodiria.
- Ainda bem. Mas…- ela fez uma pausa, provavelmente para olhar em redor - Onde é que eu estou?
- Era por isso que eu estava a ligar. Não resconheces a casa?
- Nã! Já aqui estive?
- Já Cat! É a casa do Ian e do Kyle, e da Miriam…
- Humm… - a informação ainda não lhe tinha chegado ao cérebro… - O QUE? – Gritou!
‘Agora é que a informação chegou-lhe ao cérebro’ pensei para mim mesma.
- Sim… o Kyle teve a gentileza de te deixar em casa dele… já que é mesmo em cima da nossa…- expliquei com calma.
- Ah já estou a perceber - disse maliciosamente – Estás com o Ian?
Ignorei-a.
- Olha Cat! Não acho que os transplantes de fígado sejam baratos, sabes?
- Vou parar de beber, assério – Quantas vezes é que ela prometeu isto afinal? - É que o Thiago deu-me a bebida a sorrir e… OMG! Estava lindo a sorrir! Não tive como não aceitar…
- E o Kyle, Cat? – queria saber quais eram os pensamentos dela acerca do Kyle.
- O Kyle também é um pão! … Mas acho que não me dá muita bola. – Lamentou-se… Ela não tem mesmo noção da coisas -.-
- Entao…
- Vou deixar de beber, Prometo!
- Óptimo...
- E então? Como é que ele é?
Corei. Tinha de falar baixo. Afinal o Ian estava mesmo ao pé de mim. Levantei-me e foi para ao pé da janela. Fiquei de pé, ao ver os carros a passar.
- Bonito e divertido, como percebeste.
- Não quis dizer isso, sua doida – disse ela divertida, finalmente ela estava a acordar! – Como é que foi o beijo?
- Tu viste?
- Ah!! Então houve mesmo um beijo! – Disse quase a gritar e orgulhosa de si mesma. Eu geralmente não cairia nesta antiga piadinha de palavras, mas estava distraída a olhar para a rua. – Ele parece ser bem bom nisso!
- Ei! Mal saiu o Sol e já estás acesa !? – repreendi - Não vou falar disso.
- Cortas sempre a diversão!
- Fazes sempre perguntas indiscretas!
- Estás apaixonada, por isso é que não queres falar.
- O quê? – Esganicei por completo. Aquela palavra não me trazia mesmo boas lembranças. Era uma palavra que me parecia ser muito passageira e, eu queria que aquele sentimento durasse para sempre.
- Não queres contar os pormenores, porque gostas dele – Riu-se – Confessa!
- Não estou apaixonada. Eu só sinto que, pela primeira vez, encontrei alguém que me completa e que me compreende. Que principalmente me aceita e me quer como. Sem contar o fato de que só ele consegue ser tão frio e tão quente ao mesmo tempo de uma maneira tão... Tão...
- Definitivamente apaixonada. -E desligou deixando-me sem defesa possível. Poisei o telemóvel na mesa da cozinha e fui buscar uma maça. Dei a 1º dentada e olhei para o Ian. Reparava-se que era um sono superficial, que mal um barulho maior ele acordava logo. Não tinha sono, por isso decidi ir para a janela.
Ver os carros a passar trazia-me paz. Sabia que no lucal estava um stress e um barulho infernal. Mas ali em casa, eu não ouvia nada. E isso deixava-me feliz.
Senti umas mãos na cintura e um beijo no pescoço.
- Bom dia meu bem! – Saudou-me o meu bem mais precioso
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Alguns dias passaram e eu estava cada vez mais poxima de saber o que é que estava a sentir. Talvez seja cedo demais para afirmar uma alguma coisa, mas eu sentia o ar a sair com dificuldade sempre que ele estava por perto. Era como se eu estivesse presa em uma bolha de um sentimento desconhecido, não conseguia encontrar saída e aquela nova bolha era o meu novo lar.
Ele frequentava a minha casa á noite. Ás vezes juntava-se lá com o Din, a Miriam, O Kyle e a Cat. Jantávamos e jogamos playstation como autênticos adolescentes. O Ian e o Kyle continuavam a ver se descobriam alguma coisa sobre a tal associação, mas ainda nada. Eu agora tinha menos medo. Passava os dias na faculdade com os meus amigos e com a Cat, e á noite estava sempre com o Ian. Penso que ele até fazia isso para eu ter menos medo, não sei. A verdade é que eu gostava de viver assim.
- Já te podes aproveitar de mim – disse eu quando tirei a camisola que estava enchercada. Estava a chover a potes nesse dia.
- És sempre tu que começas – E soltou um risinho – Tu não resiste!
- Humilde tu! – Sorri de volta – Então vamos para com isto…
- Eu deixo tu aproveitares-te de mim – Riu e abraçou-me, deitando-me (como já é habito) em cima dele. – Eu achei que ela tinha morrido. – Apontou para uma senhora da televisão.
- Tinha, a Maria empurrou-a para uma lagoa e foi comida por um crocodilo. Mas fizeram-lhe um transplante de cérebro e está de volta.
- Criativo.
- O mais bizarro é que já vi… A Cat diz que é possível.
- Ela é meia doida, não é? – Disse, mas com muito divertimento.
Ultimamente eles tem se dado bem. Embora a Cat esteja se sempre a atirar-se a ele [e eu já lhe avisei] a relação está estável.
- É… pode dizer que sim.
- Eu acho que o Kyle anda meio apanhadinho!
- Asério?
- Sim, ele antes era tão profissional e frio. Era mais… como posso dizer… menos social, talvez?!
- Sim… - refleti na relação deles o dois. A Cat já me tinha dito qualquer coisa, mas acho que para ela ainda não é um sentimento muito grande.
- Queres que eu te leve amanha á noite?
- O quê? Onde? – Perguntei-me se tinha alguma coisa combinada.
- Ao exame ao pé . – Sim, porque essa questão ainda não andava arrumada. Ainda nem se quer conseguia subir escadas… e tinha de por um gele que me deixava o pé dormente e sem tacto. Horrivel!
- Ah.
- Até parece que não estás ansiosa de voltar ao normal.
- E estou, por isso mesmo é que vou á tarde.
- Porque é que não queres que te leve? – Eu não queria que ele pensasse que eu não queria que ele me levasse...
- Não é isso, é que quero poder testar umas coisas.
- Tipo o quê? – E sorriu maliciosamente.
- Tipo voltar a subir pelas escadas.
- Hum. Tu devias para com essas maluquices
- Tu não gostas de entrar aqui pela janela? Eu gosto de subir e descer pelas escadas.
- Odeio quando me deixas sem saber o que responder.
- Tu também me fazes isso.
E era verdade. Ele tinha esse poder de me deixar sem palavrinhas na boca.
- Quem é que te vai levar?
- Aonde?
- Ao hospital.
- Vou de auto-carro. – Ele abriu a boca para fazer uma objecção, mas eu curtir logo. – Tenho ido de auto-carro à tarde para estudar com a Rebecca todos os dias, não vai haver problema. Mas porque perguntas?
- Achei que o outro te fosse levar.
- Ah! Vai sim. E, no caminho, vamos fugir para casar no México. – Reclamei.
O ‘outro’ era o Pedro. Estava com uma crise de ciúmes fora do comum desde o dia que descobriu que o Pedro às vezes, vinha-nos visitar e trouxera uma caixa de bombons de amora com ele. Eu gostava dele, e também gostei do chocolate. :P
Mas afinal, que rações tinha ele para ter ciúmes? Não que eu não estivesse a gostar, claro. Se ele passasse dos limites eu, certamente, iria colocar um fim nisso. Mas ele só fazia aquela cara de quem estava emburrado, é uma fofura. Ri ao pensar nisso.
- O quê? Não foi engraçado. - Disse quando eu me apertei mais ao seu corpo quente no sofá. Definitivamente precisávamos de um sofá maior.
- Não era para ter graça, eu a falar a sério.
- Ah, então tu vais ser a Sr. Delli ? – E cheirou os meus cabelos, o que [e ele sabia] me deixou arrepiada.
- Não, vou manter o meu nome. – Sorri. O apelido do Pedro era um bocado estranho.
- Tu sabes que eu não vou deixar isso acontecer.
- O quê? Preferes que eu troque de nome? E encarei-o.
- Estou a falar do casamento, sua doida
- Vais-me raptar, é? – E olhei para ele com um ar convencido.
- Se for preciso. – Deus de ombro e Riu.