Capitulo 5 - Duvidas
Desculpem a hora, mas só acabei de escrever agora...beijinhos e gostem muito
Nem queria acreditar…Tentei raciocinar, mas não estava a conseguir. A sala estava vira do avesso… Tudo virado, desarrumado. Tinham-me assaltado a casa.
Tinha o sofá ao contrario, a mesa de centro partida, a aparelhagem no chão, um armário que tinha pratos e porcelanas estava no chão e conseguia-se ver os cacos dos pratos no chão, mantas e almofadas espalhadas e rotas. Fui á cozinha… o cenário era ainda pior. O frigorifico esta deitado e com a porta aberta, os armários abertos… Um autentico desastre. Fui ao meu quarto, ao da Cat e ao do Din: o cenário era idêntico.
Quem veio cá, não foi para roubar, mas sim para vandalizar ou então á procura de alguma coisa…
Vi a janela da varanda aberta. Senti um murro na barriga. Um nó na garganta fez-me ter ainda mais medo. Lembrei-me logo dele e como ele normalmente entrava em minha casa. Não, não podia ter sido ele. Telefonei para o porteiro para tentar tornar as minhas suspeitas falsas.
-Estou Sr. Manel?
- Sim menina Rebecca, diga. – Era muito simpático e gostava muito de mim. Já tinha alguma idade mas era muito competente.
- Hoje alguém subiu para o meu andar que não sejam moradores, é claro?
- Não menina. Hoje ainda só entraram moradores… Mas porque é que pergunta?
- Nada, nada. Era só para saber. Obrigada na mesma, Sr. Manel.
- De nada menina, sempre ao dispor…
E Desliguei com educação. Só havia uma hipótese. E eu tentava arranjar a todos os custos factos que tornassem essa hipótese num absurdo. Sem sucesso.
Ele era o único que sabia o jeito que se dá á maçaneta de fora para abrir a porta, era o único que conseguia subir e descer escadas exteriores , mas o que será que ele pretendia com aquilo? Queria dinheiro? Será que é por isso que ele anda a ser seguido? Por roubar? O que é que ele ganhava em assaltar-me a casa? Em vandaliza-la?
Tanta pergunta e nenhuma resposta… Tinha que tirar isto a limpo.
Não pensei duas vezes. Sai sem bater a porta e subi a passo apressado as escadas para o andar de cima. Cheguei á porta dele. Inspirei para me acalmar. Não queria fazer nenhuma peixeirada.
Bati á porta com a mão direita. Esperei um bocado, mas ninguém abri-o. Bati mais uma vez, desta vez com mais força.
Ouvi passos pesados a ir na minha direcção. Ian abri-o a porta:
- Olá Rebecca! – disse muito festivo e notoriamente feliz – Tudo bem?
- Não, não está tudo bem… - Disse furiosa enquanto entrava pela casa dele a dentro. Eu sei que estava a ser mal-educada, mas não queria saber. Só queria era saber que tinha sido um ladrão ou assim e não o Ian.
A sala não era nada do que eu esperava. Era diferente: como se dois tipos de salas totalmente diferentes se tivessem juntado. Tinha uma mesa cara de vidro no centro (o que dava um ar rico á sala) mas com duas cervejas vazias em cima (o que dava a imagem de descontracção e despreocupação). Tinha móveis visivelmente caros, de um madeira com uma cor muito sã e brilhante. Tinha algumas folhas espalhadas por cima de alguns móveis, o que reforçava a ideia de andar a escrever um livro. Tinha uma carpete azul, alias a sala era em tons de castanhos (móveis) e azuis (vidros , almofadas, carpetes e sofá). O sofá parecia ser bem fofinho. Era azul ou melhor, era anil. Com umas almofadas azuis com manchas brancas, muito moderno. E vi também uma figura humana com formas femininas, sentada elegantemente, no que se podia chamar de sofá perfeito. A mulher levantou-se. Olhei-a de alto a baixo em sinal de desaprovação. Mas a verdade é que ela era linda. Tinha um vestido vermelho que lhe dava a cima dos joelhos e umas sandálias também vermelhas de salto alto. Tinha umas curvas bem definidas, o cabelo era sedoso e estava apanhado no cimo da nuca. Tinha uns brincos vistosos e muitas pulseiras.
Pensei no momento em que o Ian disse que não tinha namorada. Era um mentiroso e não sabia como tinha caído na laia dele. Primeiro, aproximou-se de mim sem motivo aparente. Segundo, tinha quase a certeza que ele tinha assaltado o meu apartamento. Terceiro, ele tinha-me dito que não tinha namorada, e agora aquela estava ali.
- Quem é ela? – Eu não sou dada muito a ciúmes, mas quando me passo, passo-me mesmo.
- É a May, a minha redactora. A pessoa que me trata da publicação dos meus livros. – Disse ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo e arredores. Tenho a certeza que ele percebeu os meus ciúmes.
- Pois tabem – disse eu nada convencida com o que ele disse. Não era assim tão estúpida.
- Olá – disse a tal May, com um sorriso nos lábios. Que convencida. – Eu sou a May, prazer.
E esticou-me o braço. Apertei-lhe a mão a custo, e acenei-lhe com a cabeça.
- May, pode-mos falar depois? – Disse o Ian e virou-se para ela. Ela acenou com a cabeça e acrescentou:
- Claro que sim!! Depois falamos… - Disse isto e saiu, o Ian fechou a porta calmamente e virou-se para mim:
- O que é que se passa, Ree? Senta-te…– Disse ele , agora estava preocupado. Que hipócrita. Mas aceitei o pedido e sentei-me.
- O que é que achas? – Eu não estava bem. Estava a gritar, fora de mim. – Ainda perguntas o que é que se passa?!? Diz-me só uma coisa… Porquê?
E era isso que eu queria mesmo saber. O porquê daquilo tudo. O porquê de ele ter feito o que fez. PORQUÊ?
- Eu não sei do que é que estás a falar… Mas o que é que passou? – Agora ele estava-me a confundir. Ou ele mentia muito bem ou então o que ele dizia era verdade. Precisava mesmo da verdade, e depressa. Por que se não filipava ali mesmo.
- Olha Ian. Eu sei que estou nervosa e isso, mas podes assumir. Eu só quero saber por o porquê disto tudo.
- Fiz exactamente o quê? – E levantou a sobrancelha com calma, como se estivesse com medo de que meu próximo movimento de loucura fosse pular no seu pescoço como uma vampira.
- Então não invadiste o meu apartamento pelas exteriores? – Pela primeira vez propôs a hipótese de não ter sido ele. Existia tanta sinceridade e confusão nos seus olhos que fiquei na dúvida.
- O quê? Achas que eu faria isso? – E pareceu achar isso tudo uma loucura. – Só lá entro quando sei que tu estás lá… é claro
- Só quero saber uma coisa: estiveste lá hoje em minha casa, ou não? – Eu queria mas era ir embora. Estava a ficar um bocado louca com aquilo.
- Rebecca, - disse com aquele tom de quem queria contar uma verdade a uma criança – eu não cheguei nem perto da tua casa hoje. Passei a tarde inteira com a May.
Ok, se fosse para ouvir isso eu preferiria que ele tivesse respondido que era mesmo um criminoso e invasor de apartamentos alheios. O Ian tinha um álibi e agora sentia-me uma tola por ser a vizinha que bate á em plena luz do dia e começa a gritar desaforos sem ter provas e nem a razão.
- Era só isso o que eu queria saber. Desculpa pelo engano. – Levantei-me para poder sair de lá, não havia mais o que discutir, mas ele segurou-me uma de minhas mãos com delicadeza.
- Porque é que estás assim? Afinal, o que é que se passou? - Perguntou com calma e solidariedade.
Cogitei contar-lhe sobre o que haviam feito, mas não queria demorar muito. Já tinha dito e perguntado o essencial.
- Não foi nada de especial, a minha casa foi assaltada…
Ele ficou pensativo e depois sério. Não sei foi como foi, mas ficou sério de um momento para o outro. Como se tivesse aceso uma lâmpada na cabeça dele, e preocupou-o bastante.
- Posso te fazer umas perguntas? – pergunto ele, e continuava preocupado.
- O quê?! – Estava indignada.
- Ree, por favor. Eu sei que estas nervosa. – disse ele calmo mas continuava preocupado. – Mas eu acho que te fizeram isso por minha causa.
Agora eu estava MESMO confusa. O QUÊ?
Ele acha que a minha casa foi assaltada por causa dele?
- Olha… Eu já sei que não foste tu. Por isso, desculpa.
Precisava de arrumar a casa, não queria que o Din e a Cat soubessem. Não os queria passar por louca ou inresponsável.
Virei costas e fechei a porta. Ele não pareceu impedir-me.
Desci as escadas o mais rapidamente possível, embora com o pé ainda com ligaduras não fosse fácil, entrei no meu apartamento.
Tinha muito para fazer, sem duvida. Tinha que arrumar tudo até á uma, duas da manhã… e já eram 8 da noite. E ainda por cima estava achover, ou seja, iam chegar mais cedo.
Enchi o peito de ar e pôs-me ao trabalho.
Comecei por pegar nas coisas que estavam caídas e a endireitar os moveis e mesas.
Ouvi um som estaladiço a vir da varanda. Virei-me para ver o que era.
E no meio da chuva, lá estava ele : a implorar para entrar.
Comentem por favor... digam a vossa opiniao !!! beijinhos
sinto-me: com sono
música: a dos patinhos - Hora de ir para a cama